Durante a manhã desta terça-feira (15), era difícil andar no saguão do terminal de embarque do Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, sem esbarrar em passageiros, malas e carrinhos de bagagem. Os painéis da Infraero apontavam "atraso meteorológico" como a principal causa de atrasos e cancelamentos de voos. O motivo é a frente fria que avança pelo estado do Rio de Janeiro, trazendo chuva e neblina.
Passageiros enfrentavam longas filas nos guichês das companhias aéreas. Alguns tentavam embarcar desde a segunda-feira (14). Segundo a Infraero, por volta das 14h, o aeroporto funcionava com auxílio de instrumentos para pousos e decolagens e sete voos tinham sido transferidos para o Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, no Galeão, desde às 6h.
Para piorar a situação dos passageiros, a escada rolante que liga o segundo e o primeiro pisos do saguão estava em manutenção.
Atrasos e insatisfação A falta de informação era a principal reclamação de passageiros, que enfrentavam ainda sono e cansaço de muitas horas de espera nas filas.
Rosana Coelho e mais quatro mulheres, entre sobrinhas e filhas, estavam há quase 20 horas tentando voltar para Belo Horizonte. Até as 11h30, o lugar mais longe que elas conseguiram chegar foi Niterói, em um hotel pago pela companhia aérea.
"Chegamos aqui na segunda, às 14h. Foram 10 horas na fila, com fome e sem informação. Por volta de 1h da manhã, a Gol colocou a gente em uma van para dormir em um hotel em Niterói. Chegamos lá e não tinha comida e nada aberto na cidade. Agora estamos aqui de novo, tentando", disse ela.
A sobrinha de Rosana, Fernanda Lessa, perdeu 12 provas de simulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) na escola. "Agora terei que pagar R$ 240 de multa para fazer segunda chamada", explicou.
Atletas da Seleção Brasileira de Ginástica Artística e seus treinadores também esperavam para embarcar para São Paulo. O voo de 8h12 ainda não tinha previsão de saída às 11h15. "Não sabemos se conseguiremos chegar a tempo", disse um dos instrutores, se referindo a um treino marcado na capital paulista.
Simone Chaves e uma amiga corriam pelos corredores do segundo piso, perto do portão de embarque, à procura de informação. "Não ouvi aviso sonoro sobre o meu voo, que eu acabei de descobrir que está quase decolando. A falta de informação é inacreditável, tem funcionários da Infraero pelo saguão, mas eles têm que tomar mais atitude. Fiquei sabendo que meu voo foi retomado porque olhamos nos painéis", desabafou.
A Infraero informou que várias equipes estão espalhadas pelo saguão para ajudar no atendimento aos passageiros. Às 10h30, um menino com autismo era tranquilizado por funcionários na sala da assessoria de imprensa da Infraero, por ter ficado nervoso com o excesso de pessoas. Idosos e grávidas também procuravam ajuda para fugir da multidão que ocupava o saguão.
Abre e fecha na segunda Por causa do mau tempo, o Aeroporto Santos Dumont fechou cinco vezes durante a segunda-feira (14). Nos momentos em que esteve aberto, o terminal funcionou com o auxílio de instrumentos.
Após a abertura, que ocorreu às 6h, o aeroporto suspendeu os pousos às 8h15, 8h40, 10h13, 13h e 17h22. As decolagens foram interrompidas às 13h e as 17h22. Às 19h48, o Santos Dumont liberou totalmente as decolagens e, às 20h05, os pousos foram liberados.
Ainda segundo o aeroporto, 38 voos foram transferidos para o Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim, no Galeão, durante as interrupções. Passageiros enfrentaram filas e movimentação intensa nos terminais.